De acordo com o estudo do pesquisador e professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o economista João Pedro Revoredo Pereira da Costa, Minas Gerais é o terceiro estado do Brasil mais afetado pelas tarifas impostas pelo presidente dos EUA, Donald Trump.
Conforme a análise, o prejuízo no Produto Interno Bruto (PIB) mineiro é estimado em R$ 1,5 bilhão em dois anos. O estado com maior perda estimada é São Paulo, com R$ 2,4 bilhões, seguido por Santa Catarina (R$ 1,54 bilhão).
Os dados fazem parte de um levantamento divulgado nesta quinta-feira (7), pelo Núcleo de Estudos em Modelagem Econômica e Ambiental Aplicada (Nemea) da instituição de ensino, que avaliou os impactos das novas definições sobre as medidas tarifárias.
Costa observa que o estudo é o quinto sobre o assunto e que agora leva em consideração a lista de exceções, com impacto de médio prazo (dois anos) dessas medidas. Foi no último dia 30, que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou um decreto que impõe uma tarifa ad valorem de 40% sobre uma ampla gama de produtos importados do Brasil, elevando a alíquota total para 50%, que passaram a vigorar desde quarta-feira (6).
Impacto nacional das tarifas
O efeito total sobre a economia brasileira, conforme o levantamento da UFMG, decorre da soma de duas dinâmicas: de um lado, o impacto direto das tarifas impostas sobre os produtos nacionais no mercado norte-americano; de outro, os efeitos das tarifas aplicadas aos demais países e a resposta chinesa aos Estados Unidos, que podem alterar a competitividade relativa do Brasil no cenário internacional.
Considerando exclusivamente o efeito do tarifaço, o PIB brasileiro deve apresentar um recuo de 0,26% ou R$ 31 bilhões no acumulado em dois anos. Essa contração reflete diretamente a perda de competitividade dos produtos brasileiros no mercado norte-americano, afetando a geração de riqueza nacional.
Esse impacto é minorado pelo efeito das tarifas americanas nos demais países e a retaliação da China, resultando em um efeito total para o Brasil, com recuo de 0,10% do PIB ou o equivalente a R$ 12 bilhões.
Resultado negativo do tarifaço nas exportações do País
O impacto total das tarifas dos Estados Unidos sobre as exportações brasileiras resulta numa redução de US$ 4,2 bilhões, conforme o estudo da UFMG. O efeito do aumento de tarifas sobre o Brasil resultaria numa queda de US$ 8,8 bilhões nas exportações, parcialmente compensado por ganhos de US$ 4,6 bilhões em função dos demais choques (especialmente a retaliação da China).
No saldo, o Brasil sofre prejuízo nas exportações, apesar de benefícios em alguns setores específicos, como:
- sementes oleaginosas (soja),
- derivados de petróleo e produtos de carvão,
- equipamentos de transporte,
- veículos a motor e peças,
- produtos eletrônicos e ópticos.
O ganho nas exportações de soja deriva do efeito da retaliação da China, que aponta expansão das exportações para outros mercados, no caso específico, para o chinês. “Não temos um prejuízo completo, mas prevalece o lado ruim. A lição disso tudo, é que é importante buscar novos parceiros comerciais”, observa o economista.
Dentre os setores mais impactados negativamente, conforme o levantamento da UFMG, destacam-se os metais ferrosos, produtos químicos, produtos de madeira e produtos minerais, todos apresentando quedas expressivas nas exportações brasileiras.
O estudo destaca que alguns países parecem ter conseguido “acordos” com os Estados Unidos, como Reino Unido e União Europeia, enquanto outros continuam em negociação, como México e China. Efetivamente o único país que retaliou as medidas tarifárias norte-americanas foi a China, ao impor tarifas de 10% sobre as suas importações do país norte-americano.
Reflexos em outros países
Além do impacto negativo para a economia brasileira, as tarifas definidas pelo governo de Donald Trump também têm reflexos negativos no PIB do Estados Unidos, que sofreria uma redução de 0,43%. A China enfrentaria uma diminuição de 0,14% no seu PIB.
O estudo prevê ainda que os choques tarifários resultariam em um recuo de 0,14% no PIB global. O comércio mundial também seria prejudicado, reduzido em 3%, equivalente a perdas na ordem de US$ 645 bilhões.
Acesse aqui o estudo completo da UFMG.
Diário do Comércio