LONDRES — A Justiça britânica reconheceu nesta sexta-feira (14) a responsabilidade da mineradora BHP pelo rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), ocorrido em 2015. A decisão, considerada histórica, abre caminho para que mais de 620 mil vítimas — incluindo moradores, empresas, comunidades indígenas e municípios — recebam indenizações bilionárias por danos materiais e morais.
O prefeito de Mariana, Juliano Duarte (PSB), que acompanhou o julgamento em Londres, reagiu com firmeza à sentença: “A verdade prevaleceu. Mariana foi ouvida. Essa decisão representa justiça para todos que sofreram e ainda sofrem com as consequências do desastre”.
A barragem, operada pela Samarco — joint venture entre a BHP e a Vale — se rompeu em 5 de novembro de 2015, liberando mais de 40 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério. O desastre matou 19 pessoas, destruiu o distrito de Bento Rodrigues e causou danos irreparáveis ao meio ambiente e à bacia do Rio Doce.
Durante o julgamento, iniciado em outubro de 2024, a corte britânica ouviu especialistas e vítimas da tragédia. A sentença concluiu que a BHP tinha conhecimento dos riscos e falhou em tomar medidas preventivas, sendo considerada “parcialmente culpada” pela tragédia.
A decisão da Corte inglesa é vista como um divisor de águas, especialmente por reconhecer a jurisdição internacional em casos de responsabilidade corporativa transnacional. Juliano Duarte reforçou que continuará pressionando por reparações justas: “Essa vitória é de todos os marianenses. Mas ainda temos um longo caminho até que cada vítima seja devidamente indenizada”.
A BHP declarou que pretende recorrer da decisão, mas afirmou que continuará colaborando com os processos de reparação no Brasil. Até o momento, cerca de R$ 70 bilhões já foram destinados a ações de compensação, segundo a empresa.

