26 novembro 2025

Mineradora Rio Tinto inaugura mina de ferro na Republica da Guiné, na África

Projeto ameaça hegemonia da Vale que já se movimenta em direção a outros mercados. Investimento no país africano recebeu capital chinês.

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Com participação da Rio Tinto e de grupos chineses, Simandou promete colocar em operação uma das maiores minas de minério de ferro do planeta, com alto teor e logística integrada. Foram construídos uma ferrovia de 650 km e um novo porto, totalizando cerca de US$ 20 bilhões (mais de R$ 100 bilhões). Um verdadeiro trunfo para os concorrentes da Vale.

A mina e a planta de tratamento de minério possui uma previsão de produção anual de 120 milhões de toneladas de minério de ferro quando atingir a capacidade total de operação, o que é esperado para ocorrer até 2028. O minério extraído da jazida possui aproximadamente 65% de teor de ferro, acima do padrão exigido pelo mercado que é de pelo menos 62% de ferro em sua composição. 

Solução da Vale: Índia

Enquanto isso, a Vale não está parada. A mineradora brasileira tem buscado diversificar seus destinos de exportação, mirando mercados emergentes como Índia e Vietnã. Hoje, cerca de metade das vendas ainda vai para a China, mas a empresa já movimenta aproximadamente 10 milhões de toneladas anuais para o mercado indiano e vê ali um enorme potencial de crescimento. É um movimento estratégico para reduzir a dependência chinesa e aproveitar a expansão industrial de países que começam a construir sua própria história no aço.

Vantagem competitiva da mineradora brasileira

Outro ponto importante é a tentativa da Vale de se diferenciar pela agenda de descarbonização. A companhia vem apostando pesado no briquete de minério de ferro, um produto que reduz as emissões de CO₂ em até 10% no processo das siderúrgicas. Essa inovação não só melhora a imagem ambiental da mineradora, como também gera valor para clientes que buscam cumprir metas de sustentabilidade.

O poder do minério

No fundo, o que está em jogo é a redefinição do poder global no minério de ferro. A entrada de Simandou deve aumentar a oferta mundial, pressionar preços e exigir mais eficiência. A resposta da Vale combina tecnologia, novos mercados e produtos de maior valor agregado — uma estratégia que demonstra maturidade e visão de longo prazo.

Para quem acompanha o setor, fica a sensação de que estamos entrando em uma nova era: menos dependência da China, mais competição global e um foco crescente em carbono zero. A Vale quer continuar no topo — e, ao que tudo indica, está preparando o terreno para isso.

Análise: Adilson Simeão

Informações e imagem: Reuters

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