A Vale está se preparando para um avanço significativo da demanda por minério de ferro na Índia nos próximos anos, ao mesmo tempo em que projeta estabilidade — com possibilidade de leve queda — no consumo da China, seu principal mercado. A avaliação é do CEO da companhia, Eduardo Bartolomeo Pimenta.
Segundo o executivo, embora o crescimento indiano e de outros países asiáticos ainda não seja capaz de igualar o volume vendido para a China, a siderurgia da Índia deve absorver parte importante do aumento de produção da mineradora brasileira. A China, por sua vez, deve manter a produção de aço próxima de 1 bilhão de toneladas anuais, sem perspectivas de alta.
“A Índia é um país de 1,6 bilhão de pessoas e tem uma enorme necessidade de investimentos em infraestrutura, o que deve impulsionar fortemente a demanda por aço”, afirmou Pimenta, em entrevista na sede da empresa, no Rio de Janeiro. Ele lembrou que o país planeja dobrar sua capacidade siderúrgica dos atuais 150 milhões para cerca de 300 milhões de toneladas entre cinco e sete anos.
O minério da Vale, que possui teor elevado de ferro, é considerado estratégico para blendagem com o minério indiano, de qualidade inferior. “A Vale traz qualidade para essa mistura. Estamos vendo uma oportunidade muito grande”, afirmou o executivo. A empresa prevê exportar cerca de 10 milhões de toneladas para a Índia em 2024 — número ainda modesto diante da China, que responde por cerca de 60% das vendas totais, estimadas em até 335 milhões de toneladas neste ano.
Além da Índia, a Vale também observa avanço de demanda em outros mercados asiáticos. Em 2025, as vendas para o Vietnã devem chegar a 8 milhões de toneladas, a partir de bases historicamente baixas.
Vale Day e expansão no Sistema Norte
O desempenho operacional recente — que registrou no terceiro trimestre a maior produção de minério desde 2018 — prepara a empresa para discutir sua agenda estratégica no Vale Day, em 2 de dezembro, em Nova York. O evento deve detalhar projetos para ampliar a produção de minério de ferro e cobre no Sistema Norte, região que concentra Carajás.
A companhia planeja investir R$ 70 bilhões até 2030 no programa Novo Carajás, que inclui a expansão da capacidade produtiva em 20 milhões de toneladas por ano, elevando o potencial do Sistema Norte para cerca de 200 milhões de toneladas até 2026. Paralelamente, parte do capital será destinada ao crescimento da produção de cobre, com a meta de dobrar a oferta até 2035.
Reorganização no níquel
No segmento de níquel, a Vale avalia vender a mina de Thompson, no Canadá, diante do aumento da concorrência e queda dos preços provocados pelo volume de produção na Indonésia. A operação produziu cerca de 10 mil toneladas em 2024, o equivalente a 6% da produção total da companhia no metal.
“Estamos avaliando interessados e analisando se há um proprietário mais adequado para esse ativo”, disse Pimenta.
Imagem: Reuters

